Na primeira sessão itinerante da Casa Legislativa, realizada nesta quinta-feira (13), a ex-vereadora de Campina Grande, Maria Lopes Barbosa, foi homenageada em seu aniversário de 88 anos com a Medalha de Honra ao Mérito Municipal, uma das maiores honrarias concedidas pela Câmara Municipal. A propositura foi feita pelo vereador Anderson Almeida (PSB), e a cerimônia ocorreu na residência da homenageada.
Maria Barbosa, carinhosamente conhecida como “a vereadora do povo”, tem uma
trajetória marcada por lutas e conquistas em defesa da população. Nascida em 13
de fevereiro de 1937, no sítio Guarabira, zona rural de Campina Grande, ela se
tornou uma das figuras mais influentes no desenvolvimento socioeconômico e
político do município.
Primogênita de uma família de 12 filhos, ajudou seus pais, Cassimiro Lopes da
Silva e Severina Lopes da Silva, nos trabalhos do campo e no cuidado com os
irmãos. Com o sonho de ingressar na universidade, mudou-se para a cidade para
estudar, sob os cuidados de sua tia Arlinda. Em sua fala, relembrou com
humildade sua infância e responsabilidades no campo: “Todos e todas que estão
presentes aqui, neste momento, em frente à minha humilde casa, eu quero
agradecer de coração e dizer que bom não é ser importante, o importante é ser
bom. Eu nunca fui importante, sou filha de um casal humilde de agricultores.
Trabalhei na agricultura, sevei mandioca, moí mandioca, tirei goma, fiz beiju.
Tudo que se falar de uma casa de farinha essa mulher aqui sabe. Então, a minha
vida foi um desafio e venci todos os obstáculos da vida. Sabe com quê? Com a
fé! A fé eu sempre tive. Fé no meu Deus. Nunca tive medo de nada. Saía de
madrugada de casa pra ir buscar água distante em uma cacimba na escuridão e eu
ia sozinha e nunca tive medo de assumir a responsabilidade de ajudar um pai e
uma mãe”, frisou.
Aos 17 anos, conheceu seu futuro esposo, Manoel Joaquim Barbosa, um jovem
enfermeiro alagoano que trabalhava na Casa de Saúde Dr. Francisco Brasileiro.
Apesar da resistência familiar, casaram-se em 12 de março de 1955, na Igreja de
Nossa Senhora do Rosário. Juntos, tiveram 12 filhos: Rui, Ricardo, Vânia,
Robson, Rômulo, Roberto, Valéria, Renan, Raniere, Vitória, Waleska e Viviane.
Maria ingressou na política em 1972, candidatando-se a uma vaga na Câmara
Municipal de Campina Grande. Sua campanha foi marcada pela proximidade com o
eleitorado, visitando casa a casa e realizando discursos impactantes em
comícios. No dia de sua eleição, deu à luz sua filha Vitória, nome escolhido na
maternidade em meio às suas eleitoras, que a parabenizaram pela vitória nas
urnas e pelo nascimento da filha.
Durante 32 anos, exerceu sete mandatos consecutivos como vereadora (1973-2004),
consolidando-se como uma das principais lideranças políticas da cidade. Foi a
única mulher eleita por Campina Grande por mais de duas décadas e a primeira a
presidir a Câmara Municipal (1993-1996). Ocupou interinamente o cargo de
prefeita durante o mandato de Félix Araújo, tornando-se a primeira mulher a
chefiar o Executivo municipal.
Entre suas principais iniciativas parlamentares, destacam-se a luta pela
criação da Unidade de Medicina Legal de Campina Grande, a destinação de verbas
para o Hospital da FAP e para a Escola Técnica Redentorista, a instituição do
Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e da Delegacia da Mulher, além da
legislação voltada para a saúde mental no município. Também foi autora do
projeto de lei que instituiu o concurso para criação do Hino Municipal e da
legislação que autorizou a instalação do Museu do Algodão.
No Hospital da FAP, Maria Barbosa viveu uma experiência marcante:
“Eu fazia pastoral dos enfermos com padre Pitiar, de saudosa memória, do
Redentorista. No Hospital da FAP. E lá a gente fazia as orações, eu dava a
comunhão aos doentes junto com ele e assim percorremos todos os hospitais de
Campina Grande. Quantos sofrimentos presenciamos? Mas a gente sempre levando
uma palavra de conforto. E um dia, quando eu visitava pela manhã o hospital da
FAP, cheguei em uma enfermaria e tinha uma senhorinha bem jovem, bonita. Aí
disse: ‘Dona Maria, estou com desejo de chupar uva’. Eu disse: ‘Pois não, olha…
quando eu for para a minha casa o ônibus passa aqui em frente. Eu vou para a
rua agora e vou trazer suas uvas, salto, deixo aqui com você e depois pego
outro ônibus para ir para casa.’ Ela ficou ansiosa, alegre, e eu comprei umas
uvas lindas, fui lá no quarto e entreguei. Ela sorriu, ficou assim… alucinada.
Depois, a enfermeira disse que ela chupou a uva até o quanto quis, e quando foi
no outro dia, ela faleceu. Quer dizer… foi o último desejo dela. E por isso eu
faço um apelo a vocês, nesse instante: quando um pobre bater em sua porta,
quando o doente for visitado por um de vocês, e tendo a oportunidade de fazer o
bem, faça o bem sem olhar a quem e sem esperar recompensa.”
O vereador Anderson Almeida ressaltou a determinação e dedicação de Maria
Barbosa, agradecendo por seu exemplo de vida: “Quando conversava sábado aqui
com a vereadora Maria Barbosa, ela contava que naquela época saía de ônibus com
os pés na lama pra ir para a sessão (…) Muitas vezes necessitava tomar banho na
própria Câmara (…) De ônibus, batia Campina Grande todinha e é referência em
todas as comunidades. Dona Maria Barbosa, muito obrigado! Essa Casa trouxe essa
medalha de honra ao mérito como forma de agradecimento. Não somente pela
ex-vereadora; não somente pela ex-presidenta, mas também pela senhora, mulher
de caráter, a pessoa sensível, competente que a senhora é. Muito obrigado!”,
disse.
A entrega da Medalha de Honra ao Mérito Municipal simboliza o reconhecimento da
cidade às inestimáveis contribuições de Maria Lopes Barbosa para Campina
Grande, eternizando seu legado na história política e social do município.
A Câmara Municipal de Campina Grande transmite as sessões, ao vivo, por meio do
site oficial (camaracg.pb.gov.br) e pelo Canal no youtube (@camaracgoficial).
Confira também o andamento das matérias que tramitam no SAPL – Sistema de Apoio
ao Processo Legislativo.
DIVICOM/CMCG
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