Certamente você já ouviu e até achou
fofo crianças contando mentiras. Essa prática faz parte do
desenvolvimento dos pequenos e é considerada normal, uma vez que até
cinco anos eles não conseguem separar a fantasia do real. Apesar de ser
comum e aceitável, mentir com muita frequência deve ligar o botão de
alerta nos pais.
A recomendação é da
neuropsicóloga do Sistema Hapvida, Jessyca Gabriella César Silva.
No Dia da Mentira (1º de abril) falou sobre as crianças e a prática de
faltar com a verdade. “Quando elas começam a mentir em excesso ou sempre
que um determinado assunto surge, é um sinal de que há algo errado, e
ajuda de especialistas deve ser procurada”, orienta.
A profissional explica que a
mentira na infância é consequência de diversos fatores, principalmente, a
faixa etária. Crianças menores mentem, geralmente, por causa da fase de
desenvolvimento. Enquanto isso, as crianças maiores podem mentir por medo
de repreensões e castigos, para fugir das responsabilidades (como dizer
que está doente só para não ir à escola), para chamar a atenção dos pais
ou para se sobressair entre colegas.
“O ambiente familiar também
possui grande influência na relação com a mentira. Se a criança está
acostumada a ver os pais mentindo em situações pequenas – como pedir para
criança dizer que não tem ninguém em casa quando o telefone toca – ela
assimila que aquela atitude é natural e aceitável. Por isso, os adultos
devem ter atitudes coerentes com o discurso de aversão à mentira,
servindo de exemplo”, recomenda.
Jessyca afirma que é normal a
criança mentir, pois se encontra em uma fase de descoberta, quando começa
a testar e entender o que ela almeja e o que deve fazer para conseguir
aquilo. Segundo a especialista, é nesse período, também, que ela percebe
os níveis de interação com cada pessoa de seu convívio – pais,
professores, colegas de classe, entre outros. Apesar das regras de
convivência serem as mesmas, existem detalhes que diferenciam cada
relação. E é nessa fase de “teste” que a mentira pode surgir.
A neuropsicóloga do
Sistema Hapvida explicou que o primeiro passo para tratar o tema é o
diálogo. A criança precisa saber que está em um ambiente seguro para compartilhar
ideias, vontades e pensamentos sem julgamentos. “Essa conversa criará uma
abertura para que o adulto possa entender os motivos daquela mentira. Se
é apenas por causa da fase de desenvolvimento ou se existe alguma outra
dificuldade. A partir disso, é possível estabelecer junto, ou explicar
para a criança, os limites e regras de convivência”, diz.
A especialista afirma que é
preciso ter muito cuidado com a abordagem da criança e explica que se a
reação dos pais for bater ou repreender com castigos severos, a sensação
de desconforto, sofrimento e desconfiança poderá fazer com que o pequeno
minta cada vez mais.
“Bater não deve ser considerado
um meio educativo em nenhuma hipótese. Já os castigos não podem se
prolongar além da capacidade de refletir sobre o assunto. O mesmo vale
para as chamadas de atenção que, quando muito longas, se transformam em
sermão e perdem a capacidade de manter a criança concentrada”, recomenda
Jessyca
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