Soledade se destaca pela produção cinematográfica e por servir de cenário para produções nacionais

 

  


No Cariri paraibano tem um município que respira cinema e não estamos falando de Cabaceiras. Trata-se de Soledade, cidade situada a 186 quilômetros da Capital João Pessoa, e que conta com mais de 15 produções cinematográficas, sendo a maior parte de curtas-metragens. Tudo produzido com o talento de cineastas e atores locais.

   Soledade também serviu de locação para produções nacionais, como a série ‘Onde Nascem os Fortes’, devido a suas belezas e paisagens bem características. A paixão pela 7ª arte é tanta que em setembro, a cidade realizará a 2ª edição do Festival de Cinema e, nesse ano, o município se destacará ainda mais pela sua capacidade criativa.

 
    Tudo começou no ano 2000, quando o município foi, pela primeira vez, cenário de um filme: “A Pescaria Sangrenta”, produzido pelo cineasta Ivanildo Gomes.  Pescador, de tanto ouvir histórias, Ivanildo resolveu transformá-las em produções cinematográficas, convocando conhecidos e talentos que ele percebia ao seu redor. Hoje, já soma dez filmes – entre os que dirigiu e atuou, além de contar com o apoio dos filhos e esposa, que também já participam das tramas. “O cinema para mim é uma diversão”, conta.
 
    Duas décadas depois de Ivanildo dar início ao que já virou tradição em Soledade, o município volta a investir em produções cinematográficas e em eventos que consolidam ainda mais o cinema como característica da cidade e impulsionador turístico local. Agora com o apoio da Prefeitura, o pescador e cineasta quer continuar a produzir, dirigir, contar histórias, entreter e motivar a população.
 
    Entre os filmes que participou estão: Pescaria Sangrenta, Nove Marmanjos, O Vaqueiro, Cuidado com a Realidade, A Última Caçada, Um Fazedor de Filmes entre outros. Neste último, foi premiado no Festival Cine Esquema Novo, no Rio Grande do Sul, como o melhor personagem real – já que o documentário, de Arthur Lins e Ely Marques, acompanha o cineasta produzindo ficções com os moradores do município.
 
    O 1º Festival de Cinema de Soledade, realizado em janeiro de 2020, reuniu mais de duas mil pessoas e ofertou, de forma gratuita, cursos de Direção, Direção de Fotografia, Atuação e Roteiro. Neste ano, o evento será ainda mais significante. O Festival de Cinema de soledade através da pessoa de Gabriel Lima, venceu o edital do governo do estado de R$ 40 mil para realizar a 2ª edição do evento. O valor será investido no encontro, que terá exibição de filmes produzidos no município, além de cursos e projetos focados no desenvolvimento cultural.
 
    Diretor Cultural de Soledade, o cineasta Gabriel Lima é idealizador do Festival de Cinema. Ele já trabalhou nas maiores emissoras do país, participando de novelas e séries como figuração e produção. De volta à terra natal, ele agora busca aguçar o interesse por cinema na população. “Comecei a ver uma nova oportunidade para os talentos da nossa terra. Procurei e reuni alguns amigos que já faziam cinema amador e passei a despertar novas pessoas que nunca tinham trabalhado com cinema, convidei alguns para que fizéssemos filmes de formas voluntária”, conta.
 
    Gabriel reconhece a importância do cinema para a valorização dos artistas da terra e acredita que o investimento traz um novo olhar para Soledade. “A cidade é um grande berço cultural e tem artistas em vários setores da cultura. Com essa atenção, atraímos também o interesse de investidores para nosso comércio e indústria”, analisa.
 
   Em Soledade, a arte além de vivida, é ensinada. O professor Tiago Marinho tem mostrado esse caminho para os alunos: fotografias, poesia e cinema fazem parte de sua aula, incluindo as produções de Ivanildo. Foi em 2018 que ele resolveu fazer o primeiro curta-metragem, Emboscada, e depois disso, em 2019, conseguiu o apoio da escola e gravou três curtas-metragens com os estudantes. No ano passado criou a disciplina na escola chamada ‘Cinema em Ação’, onde desenvolveu dois roteiros de curtas com os jovens, mas por conta da pandemia, precisou parar as gravações.
 
    Tiago, que recebeu o apoio da Prefeitura de Soledade para a produção de um de seus livros, sabe a importância do poder público para a valorização da cultura. “Contribui com as nossas despesas e principalmente faz com que nosso trabalho chegue a escolas, ambiente fundamental pra circulação de nossas produções. Nossas produções artísticas são fruto de desejos e sonhos, porém parte de nossa comunidade ainda é muito carente em termos de valorização da cultura local e isso acaba sendo um empecilho, e torna o apoio público fundamental para a sobrevivência da produção artística e cultural local”, ressaltou.
 
    O professor de História aprendeu a fazer da arte algo essencial para sua existência. “Preciso da arte para dar sentido a minha vida, florir minha existência. Impossível pensar em não ler uma poesia, em deixar de pendurar quadros nas paredes, em não ouvir belas canções e discutir filmes, em não comtemplar as maravilhas da natureza”, avaliou.
 
    Apesar de ouvir muitas vezes que era melhor desistir, a atriz Juciene insiste na arte e continua a fazer teatro e cinema não só em Soledade, mas também nas cidades vizinhas. Ela comemora o investimento nas artes do município e relembra tempos antigos. “Minha mãe fala que no passado ela ia ao cinema de Soledade, que ficava localizado no mercado antigo. Nossa cidade tem muitos talentos que devem ser valorizados: atores, escritores, cinegrafistas, e muitas peças teatrais que precisam ser vistas e aplaudidas pelo público”, aponta.
 
   Aconselhada a fazer outra coisa, Juciene é enfática: “Não podemos desistir dos nossos sonhos. Já me falaram que em nossa Paraíba, em nossa cidade, não vai valer a pena o teatro, nem cinema, mas eu nunca desisti porque amo o que faço e sei que um dia será reconhecido aqui”, afirma.
 
    O prefeito Geraldo Moura investe nas produções cinematográficas e vê na valorização da cultura local uma oportunidade de projetar Soledade e atrair turistas. “O talento presente em nosso povo é algo que deve ser valorizado e reconhecido não só por nós, mas por pessoas de toda a Paraíba e até do país. Nossa tradição pode ser também um potencial turístico e impulsionar nossa economia”, avaliou.
 

 

 

 


 

 

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