Municípios da Paraíba estão à
espera da liberação de R$ 1.274.067.162 referentes a despesas
empenhadas e não pagas até 31 de dezembro de cada ano pelo Governo
Federal, os chamados Restos a Pagar (RAP). Os valores representam a
parte da despesa do orçamento que permanece pendente de pagamento após
o fim do exercício.
O presidente da Federação das Associações de Municípios da Paraíba
(Famup), George Coelho, disse que existem muitos recursos deste tipo
prescrito. Segundo ele, todos os anos a Confederação Nacional de
Municípios (CNM) inscreve a dívida e solicita ao Governo Federal que
coloque no orçamento. “O governo até coloca, porém não paga e por
conta disso, têm obras nos municípios que estão literalmente faltando
apenas 5,10% para serem concluídas, mas infelizmente estão se
transformando em elefantes brancos nas cidades”, disse George.
Segundo base do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi)
da STN, o valor total de RAPs relacionados às transferências de
recursos da União aos Municípios pendentes de realização ultrapassa os
R$ 33,77 bilhões, no início de 2019. Desse total, os RAPs inscritos de
outro exercício, somando os processados e não processados, é de R$
23,184 bilhões.
Os Restos a Pagar podem ser processados ou não processados. Os primeiros
se referem às despesas empenhadas e liquidadas não pagas, enquanto os
não processados são aquelas apenas empenhadas, que sequer chegaram a
ser liquidadas (efetivamente realizadas).
Em levantamento recente, a CNM identificou um total de R$ 189,5 bilhões
de Restos a Pagar inscritos no Orçamento Geral da União (OGU) em 2019,
o que representa um aumento de R$ 34,1 bilhões (22%) em relação a 2018.
Os dados estão disponíveis no Relatório de Avaliação dos Restos a Pagar
divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Mais de 90% dos RAPs destinados a municípios se concentram em seis
Ministérios. Entre eles, o Ministério das Cidades, Educação, Saúde e o
da Integração Nacional que somam juntos mais de R$ 25,772 bilhões, o
que corresponde a 76,3% do total.
Problemas - Pesquisa realizada pela CNM em anos anteriores
indica que 77% dos RAPs que se encontram como não processados tiveram
suas obras iniciadas ou seus produtos entregues, mas ainda não foram
certificados pela instituição financeira.
A entidade alerta que, diante disso, os municípios podem enfrentar
problemas porque os recursos provenientes dos RAPS seguem um cronograma
de execução política que os deixam em sérias dificuldades. A estratégia
favorece a União, pois viabiliza a moeda política para negociações, com
um volume muito maior de empenhos do que o valor equivalente em
recursos reais para realizar efetivamente os pagamentos.
O problema tem tomado uma proporção tão grande nos últimos anos que
coloca em risco de descrédito generalizado a principal sistemática de
investimento público do país.
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