A
cidade de Catolé do Rocha, localizada no Sertão da Paraíba, caracterizada pelo
clima semiárido e com altas temperaturas durante todo o ano, vem se
transformando a partir do desenvolvimento de um projeto de pesquisa da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) que alterou parte da geografia local
com a plantação de uva. Em uma área de 2.500 metros quadrados, no meio da seca,
foi formado um “oásis” de videiras com base no trabalho de agricultura orgânica
com uso de biofertilizantes para o cultivo da uva Isabel Roxa.
O projeto, vinculado ao curso de
Licenciatura em Ciências Agrárias do Câmpus IV da UEPB, existe desde 2011 e,
além de proporcionar a cultura da uva no local, ainda é capaz de avaliar a
qualidade da produção da fruta e analisar a escala de pH (que indica se o meio
é ácido, básico ou neutro). De acordo com o professor José Geraldo, coordenador
do projeto, tudo é feito sem uso de agrotóxicos e com o desenvolvimento de uma
irrigação localizada, que é a aplicação de água diretamente sobre a zona radicular
das culturas, em pequenas quantidades, porém durante um longo período de tempo.
“Ao longo desses anos temos conseguido
importantes resultados. Esse projeto vem sendo desenvolvido na Escola
Agrotécnica do Cajueiro com a aplicação de biofertilizante a partir do uso de
esterco. É um tipo de agricultura que não usa nenhum tipo de produto tóxico.
Como a uva ainda é nova, nós enfrentamos à vezes algumas dificuldades, mas
temos conseguido realizar duas podas por ano, o que nos proporciona colher a
fruta tanto para estudo, como também para consumo interno na escola e
distribuição junto a comunidade acadêmica e moradores da região”, diz.
Ao todo, o cultivo conta com 216 plantas na
videira com uma produção média de 18 quilos de uva por planta. As uvas
cultivadas no Câmpus IV, pela característica própria de sua criação, apresentam
um paladar diferenciado em relação a mesma fruta cultivada em outros locais. “A
nossa uva é bem mais doce do que as que normalmente existem no mercado. Pela
forma como cultivamos, ela tem uma concentração de açúcar maior. Tudo que
fazemos aqui é com base ecológica, orgânica, e isso é justamente o diferencial
do projeto”, acrescenta o professor Geraldo.
Com o uso da irrigação localizada a partir
da construção de poços nos arredores do Câmpus, o próximo passo do projeto será
o cultivo de outros tipos de frutas a partir da mesma metodologia. Segundo
explica o professor, também estão sendo plantadas mudas de coco, banana,
maracujá, mamão e abacaxi. Contudo, um convênio assinado com a Embrapa de Fortaleza
(CE) possibilitará o uso de uma área reservada para o plantio de mudas de
cajueiro e outro espaço onde será desenvolvida a multiplicação dos clones desta
fruta.
“Pretendemos transformar essa região com
outras fruteiras. Já avançamos no cultivo do abacaxi e temos a possibilidade de
trabalhar a pesquisa junto com a Embrapa de Fortaleza a partir desse convênio.
Até bem pouco tempo não existia a irrigação com biofertilizante e nós
conseguimos desenvolver algo que tem o poder de aprimorar o desenvolvimento e o
cultivo de vários tipos de frutas”, ressalta José Geraldo.
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